O adoecimento Psicopatológico no Ambiente de Trabalho
- Ana Paula Fischer
- 15 de jan. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 19 de fev. de 2024
As psicopatologias do trabalho têm sido pauta recorrente nas matérias de revistas e jornais. Aparecem em expressivo e crescente número. Ocasionam o afastamento de diversos colaboradores. Em muitas das vezes, os danos dos adoecimentos ocupacionais são irreparáveis. Como consequência, os profissionais da saúde, bem como o sistema judiciário, têm procurado encontrar e repensar soluções para prevenir que os casos cheguem neste ponto. Quais medidas práticas podem ser adotadas para mitigar o impacto das psicopatologias no ambiente de trabalho diante do cenário atual?

"O trabalho expressa-se como incessante fonte de construção de subjetividade, produzindo significado da existência e do sentido de vida. [...] "É uma condição fundamental na existência humana. Por meio dele, o homem se relaciona com a natureza, constrói sua realidade, significa-se, insere-se em contextos grupais, atua em papéis e finalmente promove a perenização de sua existência."
(ROHM e LOPES).
O trabalho ocupa grande parte dos nossos dias. Nos convoca para a ação. Atravessa o cotidiano dos psicólogos e/ou psicanalistas, seja na escuta de seus pacientes, em suas relações com o próprio trabalho, seja nas instituições e organizações, seja em pesquisas sobre seu impacto na saúde mental e bem-estar dos indivíduos etc. A psicologia é uma ciência com vocação social e organizada em torno de objetivos individuais e coletivos. A psicanálise é uma teoria que acompanha as modificações consequentes de sua época.
Quando existe um sofrimento sem alívio, diminuição ou resolução, este se converte para o corpo, que responde mediante um sintoma. A ausência de um espaço para elaborar as questões pessoais, através da fala e de um acompanhamento psicanalítico, relacionadas ou não ao trabalho, pode ser um dos precursores para o adoecimento. O excesso pode ser o responsável pelo adoecimento. Quando não há descanso e as pressões se instalam, o corpo toma espaço de fala e, normalmente, faz sintoma das angústias aprisionadas.
De acordo com Christophe Dejours, doutor em medicina do trabalho, psiquiatra e psicanalista,
o trabalho pode trazer ao sujeito o fortalecimento de sua subjetividade, mas também pode provocar uma desestruturação de si. Assim, torna-se primordial impedir que "o silêncio se instale através da fala do trabalhador".
O adoecimento, sem dúvida, é o pior dos destinos. O exercício de um(a) psicólogo(a) e psicanalista está para além do consultório, tendo como função voltar a escuta para o sujeito e/ou organização que o(a) procura, investigando qual é sua relação estabelecida com o trabalho e fornecendo a estas ferramentas para que ela ocorra de maneira salutar.
Portanto, a presença de um acompanhamento psicanalítico no cotidiano do colaborador faz-se imprescindível para que este possa se valer da fala como uma saída, evitando ser mais um ocupando lugar nas estatísticas dos que sofrem com os transtornos de ansiedade, depressão, Burnout, insônia etc no contexto laboral.
Notas da autora:
As citações do texto têm como referências bibliográficas:
ROHM, R. H. D.; LOPES, N. F. O novo sentido do trabalho para o sujeito pós-moderno: uma abordagem crítica. Cadernos EBAPE.BR, v. 13, n. 2, p. 332-345, 2015.
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